Do tempo em que eu saía de casa e caminhava por horas com a estranha sensação de já ter dito ou ouvido isso antes.
Uma loja toda vazia,
Sigo e paro num macdonalds, uma casquinha por favor, mista mesmo. Esperando, um garoto me cutuca o braço chamando o tio. Pede um níquel, pergunto se ele é bom em matemática – já o conheço da saída do supermercado -, ele ri, abobado, o menino, todo lambuzado. Cinco mais cinco, quanto é? Vinte. Não, não... Dez! Iiiisso, toma moedinha.
Sento num banco e luto contra o vento que em vão tenta descongelar o sorvete e me banhar a bermuda. Passa uma conhecida, ela e a amiga, os óculos escuros, ambas. Parece caminhar em minha direção, quando se aproxima ergo as sobrancelhas, arriscando um cumprimento, ela passa pelo meu lado, os olhos sabe-se-lá onde. Sinto o pingo gelado, bobeei. Tento limpar com o guardanapo mas só o que faço é espalhar e alargar a mancha. Termino o sorvete, me espreguiço, levanto.
Passo novamente em frente à fila do desemprego, agora mais mulheres, apenas mulheres. Uma alheia pára ao ver a fila, caminha até o anúncio, lê-o e entra na indiana. Caras feias para a concorrência, uma negra e uma loira pintada, as duas empeneuzadas. Abro um sorriso, elas se fecham. Pit-stop pra vocês.
Dentro do mercado, uma vontade súbita de morrer. As sacolas pesadas parecem não se satisfazer com o chão, querem me levar direto ao inferno. Passa um amigo, não vi, não quero conversar. Uma ventania levanta areia até meus olhos, eu coço, eu coço, mas continuo sem enxergar nada.
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Do tempo em que eu saía de casa
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2 comentários:
Estava tudo muito bom, muito bonito, até...."vontade súbita de morrer". AAAHHH meu filho, ainda te MATO por esta MANIA.
uau
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