quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Jornadolete

Já começo dando ENTER com o mingo. Enquanto aguardo, fecho a jaqueta, um rambo informatizado. Fonte sete, e se o vermelho diagonalmente atrás enxergar, terá feito para merecer a recompensa pelo esforço visual. No banheiro um rapaz quica uma bolinha de papel higiênico semi-úmido no cabelo, a seu lado um outro pouca coisa mais velho limpa o nariz com um bigode de papel higiênico longo como ele da cabeça aos pés, a cauda deitada no chão, sinuosa. No palco, o tradutor polonês fez que era consigo e respondeu as perguntas por si próprio – baseado na malemolência tropical, criou um belo personagem. Estudantes de dança polonesa escreveram um furioso bilhetinho acusando a manepolação. Do palco veio o discurso condenatório: poloneses cristãos! Isso. A morena recitou DE CABEÇA versos que arrancaram furiosos aplausos. Na platéia, uma guerra entre estudantes e professoras. Milton disse nunca pratiquei incesto, embora admitisse já ter talvez sido possível considerá-lo, veja só. As plausas mediam o concordamento, espetáculo que era, muito de intriga e conspiração, euforia e desprezo. No vazio que separa as costas de um e outro prédios upeéficos, a grama é mais pura e as árvores, mais vivas. Dois Outsiders Nordestinos sentaram no tronco de uma dessas árvores e batendo as mãos no joelho repetiram por um quarto de tempo o mesmo verso que não se ouvia de onde eu estava. Um guardinhass chamou-os “O quê estão fazendo aí, rapazes? Vamos, dêem o fora!”.
- Mas o que é isso, seu guardinhass, qual o problema em a gente ficar aqui?
- Não vejo isso com bons olhos. E além disso vocês estão atrapalhando o sinal da antena.
E ontem passei por um passarinho com o peito branco aberto ao sol, assim morto deitado no alto de um morrinho. O silêncio se quebrou por um pequeno galho partido. Olhei para trás e descobri um outro passarinho, esse marrom e um pouco inchado. Levantou vôo e conseguiu fugir. Hoje, quando no ônibus, vi um cavalo com o corpo jogado no meio de um campo, morto possivelmente assassinado. Juntando isso com a lembrança dos macacos... Não, melhor nem pensar.

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