quinta-feira, 19 de julho de 2007

Morreu queimado salvando os colegas

Depois conversam os que ficaram.

Se foi o Borginho.
Um herói, um herói.


Como pôde... Logo ele...
A pior pessoa do mundo.
Que é isso, nem tanto.
Todos os traumas que eu tenho foram causados por ele.
Que é isso...
Ninguém nunca gostou dele. Também, só o que fazia era torturar a todos com suas brincadeiras sem noção.
Na hora que a gente precisou foi ele que se torrou abraçado numa porta.
Sim, finalmente fez alguma coisa boa.
Talvez tivesse isso em mente o tempo todo.
Duvido.
Eu acho. Cada merda que fez deu mais coragem para o sacrifício. O pagamento de uma dívida acumulada durante nossos desgraçados anos de convívio.
Desde quando?
Não sei, a primeira série, eu acho.
Não, desde antes. Ele sempre morou aqui na rua.
Desde a primeira vez que nossas mães reuniram a gente pra brincar.
Eu lembro dele. Carequinha, mordendo todo mundo.
E enfiando o dedo nos olhos.
Um monstrinho desleal.
Virou churrasquinho.
A vida vai ser muito boa sem ele.
Já podemos voltar a fazer acampamentos.
E jogar futebol.
E beber.
E sair de casa.
Grande Borginho.
Um brinde.

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