domingo, 18 de novembro de 2007

Clima de Stock Car

Hoje, penúltima etapa do campeonato, o filho do Galvão, Cacá, é o líder da temporada, como já o foi em outros anos em semelhantes circunstâncias que acabaram não resultando no troféu de grande campeão. Cacá já tem alguns anos de experiência sobre os outros pilotos. Começou perdendo para Xande Negrão e a velha geração e hoje perde para o garoto revelação. Esse ano, novamente chega à penúltima corrida podendo vencer o campeonato. Basta garantir o primeiro lugar - o que não imagina-se excepcional para o líder do campeonato. Porém, largará com uma grande desvantagem; envolvido num acidente, sai da décima sexta faixa de colocação.
Mas, bem, vamos à corrida.

Largou!

Não largou, bandeira amarela, não valeu.

Agora largou.

Ricardo, Duda, Fontes, Pizzonia são os quatro primeiros.

Cacá Buenao (vai assim mesmo, Buenao) atrás de Ingo Hoffman, outro lendário corouinha. Tá em 11°.

Fácil, fácil de bobear e achar que os carros são de brinquedo.

"Cacá Bueno já é noono a essa altura!" E diz que já assim é campeão.

A equipe de tv botou duas câmeras em carros.
Uma na traseira de Robsón Crusoé, que já na primeira curva, após batida e deslocamento de eixo, saiu da corrida, e outra no carro de tiago camilo, que vinha até esse momento merdeando em décimo-quarto e só abandonou esse comportamento apenas para entrar num companheiro quando este freou para fazer a curva. Tiago Camilo era o segundo colocado no campeonato. Tudo parece levar à grande vitória de Cacá, afinal.

Alex Dias, "o Boiadeiro", atacante do Vasco, aparece pra dar um alôu.
"E aí, Alex Dias, veio fazer uma forcinha pro Cacá?"
"Isso aí, vim aí, fazer uma forcinha pro Cacá. Heh."
"O Cacá que é tricolor roxo, Cléber!"

Hmmm, Cacá Buenao faz sinal para a câmera: quebrou alguma coisa.
"Pode ter sido a bomba da direção hidráulica", diz Reginaldo Leme.
"Foi a bomba da direção hidráulica", confirma o repórter.
"Nossa, Reginaldo, isso, do alto dos seus muitos anos aí de trabalho viu já só no olhar..."
"É, é, obrigado Cléber. Mas o bom disso é que dá pra terminar a corida assim. Não tem o conforto de antes, mas dá pra levar. Vai doer um pouco o braço, mas dá pra levar".
Pelo rádio, Cacá: "Ai gente, não dá pra levar.".
Nah, mentira.

Cacá perde posições e retorna à décima-primeira. Já não é mais campeão.

Cacá, com a direção hidráulica quebrada, passa três numa acelerada só.
Conhece uns truques, o juvenil.

Acidente.
"O pneu ficou muito sujo".
Os dois que disputavam a curva acabaram perdendo-a.
Não sei quem são, brigavam pela terceira ou quarta posição.

Captam o rádio do Rodrigo Sperafico:
"Passa mais um, passa mais um, menino."

Duda Pamplona dá um chega pra lá em Ricardo Sperafico e assume a pole.

"Temos ainda seis voltas, muito calor, há o desgaste dos pneus, as ligas borradas, o motor engasgado, emocionate, Cléber, emocionante".

Um laranja vai pra cima de Cacá. Ele não quer entregar a posição e na curva ambos se tocam e derrapam. Na hora vejo Galvão com a mão no coração: "Essa briga não é essencial! Essa briga não é essencial!"


E tudo termina.

Vence Duda Pamplona pela primeira vez na vida e Cacá Bueno é o campeão brasileiro de stock car tendo este ano vencido em Santa Cruz, Curitiba e Buenos Aires (capital do Brazil).

Cacá desce do carro e começa a socar o ar. O repórter tenta garantir a exclusiva e leva uma porrada no braço. Cacá faz força, "yeah bicth!".
Tira o capacete e dá a entrevista. E revela nossos erros da reportagem - quanto aos fatos, que fique claro, não quanto à essência. Na verdade, Cacá é agora bicampeão, porém após três vices consecutivos. Taí, deu a volta por cima. Belo exemplo. Um abraço pra ele, outro pra você, tudo de bom para a família, feliz domingo, amingo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito da reportagem, fez-me voltar a sentir por um fugaz momento aquele arrepio bacana que dá ao vencer um campeonato brasileiro de velocidade.

Anônimo disse...

Déiz.