A carroça estava vazia. Vinha a toda. Uma mulher apertou a campainha presa ao poste de sustentação do semáforo e envermelhou-o. O cavalo que solitariamente conduzia a carroça viu aquilo e tratou de reduzir o ritmo do galope, parando completamente um pouco antes da faixa de travessia dos pedestres. A seu lado um carro com o som num volume bastante alto também esperava o sinal abrir. Era governado por um cabeçudo rapaz de cabeça grande. Trocaram um olhar e o cavalo lhe deu uma piscadela. “O funk é neurótico”, disse. O rapaz concordou balançando a cabeça para cima e para baixo. O sinal continuava fechado, mas como não havia ninguém interessado na travessia - a mulher apertou a campainha e saiu correndo rindo feito uma louca -, o cavalo considerou ser o mais certo avançar e seguir sua jornada, pois estava faminto e um tanto sonolento. “É, to indo nessa”, disse ao rapaz de cabeça grande, que cordialmente respondeu com um “Até mais”.
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